terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Bosque - Narrado por Príncipe Rômulo

Introdução


Lá está ela, todas as noites. Ouço o farfalhar de seu vestido e seus passos rápidos atravessando o bosque. Aqui dentro, em meio a toda a suntuosidade do castelo, posso somente imaginar o motivo pelo qual a moça poderia correr por entre as tenebrosas árvores das profundezas do bosque nas madrugadas repletas de trevas. Ouço sua misteriosa voz falando sozinha, depois do que me parece ser uma longa corrida. Então, começa tudo de novo. O farfalhar, os passos ligeiros e, muitas vezes, gritos agudos e gargalhadas estridentes que atravessam meu coração. A moça corre como se estivesse a fugir de uma besta feroz. Todas as noites. Todas as noites. Será isso um sonho que se repete? Não sei. Só tenho certeza de que até o barulho de seus mínimos suspiros chega aos meus ouvidos, aqui no topo da torre leste. O único remédio para mim é ir averiguar, por mim mesmo, se há mesmo uma moça que corre pelo bosque de fora do castelo.

Parte I
Os raios de sol entram pela janela e me despertam. São seis horas da manhã. Hoje será mais um dia longo de trabalho mesmo para mim, um membro da família real. Preciso me levantar, mas sinto que algo consumiu minhas forças durante a madrugada, de modo que acordei mais cansado do que se não tivesse ido dormir. Lembro-me vagamente dos barulhos que penso ter ouvido durante a madrugada... ou seria tudo um devaneio? Enfim, levanto-me e contemplo, pela pequena janela, o bosque enevoado que há lá embaixo e o dia nublado, que parece se repetir há duas ou três semanas. Então, volto a mim e desço as escadas da torre para tomar meu desjejum. Porém, paro na metade da escada pouco iluminada e penso na moça do bosque. Por que é que ela corre lá todas as noites, gritando e falando sozinha? Será que se trata de alguma garota sandia da vila? Será que somente eu a ouço...? 
Continuo meu caminho escada abaixo e dou de cara com meu irmão mais velho na saída para o salão principal. Ele, imediatamente, me diz:
- Rômulo, Rômulo! Como sempre, acordando na hora certa. Preciso de sua companhia hoje, pois vou caçar dois cervos para o Papai. Vamos partir daqui a mais ou menos três quartos de hora. Esteja pronto com seu cavalo lá na frente do portão!
Eu realmente quis recusar o pedido de meu irmão, mas não pude. Ele não me deixou nem tempo extra para lhe responder se ia ou não e já se dirigiu a seu cômodo, que ficava perto da torre norte. Eu sou o único que dorme no alto de uma torre, talvez porque goste de sentir o ar frio em meu rosto quando abro a janela no amanhecer. Além disso, a paisagem do bosque, para a qual minha janela dá diretamente, é maravilhosa de dia, apesar de ser misteriosa e até tenebrosa à luz noturna. Todo o resto da família dorme em seus devidos cômodos, que ficam no prédio principal.
Dirijo-me à cozinha do castelo. Lá está repleto de cozinheiros, que já acordaram para fazer os preparativos para o almoço de meu pai, o Rei. Eu, timidamente, tento adentrar a cozinha sem ser percebido, mas... no momento em que as pessoas me vêem, acabam largando tudo e se curvando, oferecendo-me seus serviços. Fingindo que não vi tal cena, continuo a me dirigir para um grande armário que há no canto direito, abro-o e pego um pedaço de pão. Então, retiro-me silenciosamente da cozinha e dirijo-me para o portão do castelo, onde há um criado a me esperar com meu cavalo negro. Subo no animal e, então, depois de alguns minutos, chega meu irmão e dá a ordem para partirmos. Com uma voz tremendamente grave e severa, ele ordena que o portão seja abaixado para que possamos partir. Então, alguns soldados começam a soltar as cordas e o grande portão vai se abaixando para o lado de fora do castelo, abrindo caminho para que possamos atravessar a profunda trincheira e sair de lá. Noto que a trincheira está totalmente cheia de água lamacenta, e que não seria uma boa tropeçar e cair ali dentro. Olho em direção leste e vejo o lugar a partir de onde começa o bosque cheio de mistério. Fora do castelo e, principalmente, na área do bosque, há uma névoa densa que se alastra por quilômetros. Não é possível ver nada nitidamente. É um péssimo dia para se ir à caça.
Porém, meu irmão escolhe justamente o bosque para irmos caçar. Cavalgamos em direção à densa névoa e nos embrenhamos em meio às árvores de galhos retorcidos espalhadas pelo terreno. Não há sinal de vida e eu não vajo chance alguma de ali haver qualquer animal, muito menos um cervo, dadas as condições em que se encontra o arvoredo. A paisagem tem um ar muito macabro, totalmente diferente do que vejo de lá de cima. Porém, meu irmão insiste que viu um animal e começa a cavalgar mais rapidamente para seguí-lo em meio à névoa. Então, ouço um barulho repentino às minhas costas e viro minha face e tronco para trás para ver se por um acaso há alguém ou algo a me seguir. Porém, só olho a tempo de ver um vulto branco sumir por trás de uma árvore gigante. Talvez fosse só impressão minha, ou poderia ter sido a roupa de alguém se escondendo por trás dela. Imediatamente, paro meu cavalo e dirijo-o em direção ao lugar onde vira o vulto. Porém, não há sinal de que alguém tenha passado por lá. Viro-me em direção ao meu irmão para pedir-lhe que me espere, mas não o vejo mais. Olho em volta e percebo que estou perdido no meio bosque, em meio à densa névoa cinzenta. Caio de meu cavalo, que desata-se a correr. Minha visão escurece e não sinto mais nada. Somente ouço uma gargalhada ao longe.

Continua

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Meu fã

Aconteceu durante o meu colegial.
Eu estava em uma época de minha vida em que queria, de alguma forma, me mostrar rebelde. Sempre temos essas fases, e quando nos lembramos delas, posteriormente, ou damos muita risada ou nos sentimos profundamente envergonhados. No meu caso, optei pela segunda opção. Quando me lembro das coisas ridículas que fazia na epoca de meu colegial, me sinto terrivelmente constrangido!
Foi assim: eu estava gostando de um guitarrista "gótico" do Japão, o Mana. Ele, fazendo muito sucesso com a banda Malice Mizer na década de 90, formou uma banda solo que também seguia a linha Visual Kei, para a qual importa não somente a música, mas também o visual dos integrantes da banda. Mana se veste de mulher e criou até uma revista (Gothic Lolita Bible) difundindo seu estilo, o Gothic Lolita, no Japão inicialmente, e depois para o exterior.
MANA
Eu, que estava no primeiro colegial, fiquei totalmente ludibriado por seu estilo e tive a ignorante idéia de me vestir de preto, usar crucifixos e deixar o cabelo crescer. Além disso, o idolatrava como se fosse alguém de outro mundo, e o achava bonita como uma mulher! Então, tudo começou. Eu andava com um crucifixo enorme pendurado no pescoço, pagando uma de "trevoso", e achando que tudo aquilo era muito legal; vestia roupas escuras ou bem chamativas e andava com o rosto inexpressivo ao máximo, tentando demonstrar que não estava nem aí para ninguém, ou que era "frio".
Como eu era inexplicavelmente popular na escola, surgiu um menino super gordo da quinta série querendo ser como eu. Ele comprou uma armação de óculos igualzinha à minha, um crucifixo e roupas parecidos (as roupas em tamanho maior, é claro) e começou a me seguir onde quer que eu fosse. Sempre que eu estava na rua, ele chegava com um monte de amigos e me apresentava como se fôssemos super íntimos, o que me deixava irado por dentro. Era realmente um saco. Eu me sentia envergonhado só de falar com o menino, e andar com ele me seguindo era um martírio.
Pior ainda foi quando os amigos dele, que eu nem conhecia, começavam a me cumprimentar na rua e a me apresentar a seus acompanhantes do mesmo jeito que o gordo fazia!
Então, esta situação chegou a tal ponto em que eu não podia sair na rua sem me deparar com grupos de crianças ou mesmo adultos que me conheciam sem eu imaginar quem eles fossem.

Então, um dia, me olhei seriamente no espelho e percebi que aquilo tudo estava extremamente ridículo. Primeiro: o crucifixo era gigante e esquisito e, além de tudo, não combinava nem um pouco com as roupas que eu usava. Era exatamente como um pedaço de bosta colado em um vestido branco: todo mundo vê e acha feio. Eu me parecia com os restos de um acidende de gavetas!
Em segundo lugar, posso dizer que quem precisava mudar era eu, e não o menino obeso. Eu tinha causado toda aquela merda tentando ser "trevoso", e agora era meu dever consertar tudo!
Até minhas relações em casa estavam sendo afetadas pela minha tosquisse. Eles tentavam me avisar de que estava tudo ruim, mas eu simplesmente lhes respondia nervoso ou os ignorava.
Então, no momento em que a ficha caiu, joguei meus "acessórios" fora, voltei a me vestir normalmente e adotei outro padrão de comportamento. Agora, olho para trás e percebo o quão ridículo eu já fui! O gordo não mudou nada, a não ser a gordura, que aumentou ainda mais. Mas acho que, um dia, ele também vai perceber o quão tosco é e vai querer mudar exatamente como eu fiz. Eu realmente espero que seja assim!

Hoje, me deparo com as pessoas na rua e continuo sem saber quem elas são, porém as cumprimento alegre e educadamente. Ao passar por essa fase extremamente perdedora, aprendi a valorizar mais as relações com as pessoas! Mesmo que sejam relações superficiais, quero que sejam boas, pois querendo ou não, não conseguiria ser amigo de todas as pessoas da cidade. Ainda tenho meu lado frio, sádico e calculista, mas tento deixá-lo guardado somente para as horas em que me for necessário. Afinal, isso não é algo que se demonstre em público!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tradução de uma letra de música do Japão. Ficou super sem sentido! Acho que quem escreveu devia ter se drogado muito pra colocar esse final.




孤独に死す、故に孤独-Morro em solidão, portanto estou sozinho

Venho vivendo a ser pressionado.
Quero mais "sumir" do que "esquecer".
Sorrio de volta para vocês, que fingem que me entendem.

Vocês, que estão sempre à minha frente, vivem sorrindo,
dizendo que amanhã haverá coisas boas.
Desde o começo, percebi que há algo de diferente entre eu e vocês, que só dizem palavras superficiais.

Machucar as pessoas virou, em algum momento, algo óbvio
Olhem, devolvo uma risada para vocês que me machucaram de novo.

"Deveria ser diferente" é o desejo único de pessoas negativas como eu...

Abri meu guarda-chuva

Hey, Lixo industrial! Dê-me um sonho!

Fechei meu guarda-chuva

A mim, que já me acostumei com tudo isso, você também pode ouvir?